Voltar à apresentação Galeria Exposições Mapa do site

Notícias
Ver o projeto Mi Ciudad, Málaga 2013
Construção por etapas de um desenho

 

As cidades desenhadas por Pascal Ruetsh são uma porta aberta para o imaginário. Inspiradas pela realidade, rasgada por ruas, bulevares, carris, parecem-se estranhamente com lugares que pensamos conhecer. Quer antigos, quer contemporâneos, os monumentos e as arquiteturas que as compõem são sempre inventadas. A vista do céu, entre cidade cartografada e em três dimensões, facilita a leitura dos desenhos e permite apreciar os seus detalhes arquiteturais. Como numa visita real durante a qual nos podemos perder nos dédalos da ruas, essas cidades imaginarias são um convite à descoberta, aos passeios e aos devaneios. Têm ricos monumentos, uma arquitetura sempre reinventada.

Nascido em 1968, Pascal Ruetsch é francês. Mora em Toulouse, no Sudoeste da França. Sempre desenhou cidades imaginarias. Cursou Artes Aplicadas. Trabalha como grafista e web designer.

 

« Nem trabalho sobre a história, nem estudo sobre arquitetura, nem sequer reflexão sobre o urbanismo ou as técnicas de construção, os meus desenhos inscrevem-se numa postura gráfica e artística à volta do imaginário urbano. Não me apoio no conjunto dos domínios ligados à cidade para inventar ou refletir sobre essas cidades imaginárias, sem que no entanto o resultado deixe de ser “realista”.

 

Semelhanças e fontes de inspiração
Não se trata de tornar a cidade numa cidade « perfeita » ou « ideal ». Não olho para as cidades tal como são. Observo as suas imperfeiçoes e defeitos para sem pudor nem censura os reinventar nos meus desenhos. Inspiro-me em cidades que conheço. Toulouse, Paris, Barcelona, e de maneira mais ampla cidades que acabo por conhecer do interior à medida das minhas visitas, são verdadeiras cornucópias, fontes de inspiração. Observo as suas construções, suas evoluções em camadas históricas sucessivas, traços arquitetônicos, planos de ordenamento. Estudo a sua cartografia, projetos, organização urbanística. Essas observações permitem-me reconstituir uma organização similar numa cidade imaginária. Interessei-me também pela arquitetura, pelos edifícios históricos e por aqueles mais contemporâneos com funções econômicas ou administrativas definidas. Uma catedral, um teatro, uma estação, os correios, um hospital, etc. Cada prédio tem um estilo bem definido, típico das nossas cidades europeias. Retomo essas particularidades articulando-a com uma história também inventada que deixa transparecer a riqueza da nossa história; qualquer igreja poderá então ter traços góticos ou romanos, renascentistas ou barrocos. Um teatro poderá retomar a grandiloquência arquitetural da Opera Garnier de Paris ou a dimensão clássica do Grand Théâtre de Bordéus. Uma estação poderá ser o reflexo da aquitetura do ferro do século XIX, a não ser que, construída nos anos trinta, não tenha sido construída com betão, num estilo Art Déco. Também fui levado a inventar soluções arquiteturais ou urbanas que conhecia um pouco: como é organizado um porto? As invenções de provém dessas preocupações correspondem às vezes a uma realidade, outras vezes são meramente utópicas. Além da minha paixão e observações, apoio-me em conhecimentos da história da arte para conceber essas arquiteturas, conhecimentos adquiridos ao longo do meu curso de arte aplicadas.

 

A perspetiva
A vista em perspetiva axonométrica (sem ponto de fuga nem planos hierarquizados) permite prolongar os desenho ao infinito sem os constrangimentos de representação em perspectiva. Os meus desenhos podem portanto estender-se, desenvolver-se e nunca mais acabar. Essa vista do céu facilita uma visão ampla e em perspetiva. Os desenhos são feitos para serem vistos de longe, como que de um avião. Adivinham-se as vias que rasgam a cidade, notam-se elementos ou arquiteturas mais interessantes. Mas também são feitos para serem observados de perto, nos seus detalhes mais escondidos. Pode-se assim descobrir particularidades arquiteturais, partes escondidas e até insuspeitáveis, por cima dos muros e além das fachadas. Sendo assim, há dois níveis de leitura. Além disso, alguns desenhos acentuam a geometria do desenho. A cidade pode também ser vista como uma composição abstrata na qual as linhas e as formas, as partes em branco ou desenhadas, o grafismo às vezes minucioso, parecem brincar com o equilíbrio o os contrastes.

 

Formatos

As dimensões ilustram igualmente essa diversidade. Os formatos mais pequenos (23cm x 23cm) volorizam um tema arquitetural. Os formatos panorâmicos permitem expandir a cidade do centro histórico até a periferia mais moderna. Os formatos maiores (160cm x 100 cm) tanto podem ser visto de longe como de perto.

 

Técnica do desenho

As ferramentas indispensáveis para a realização dos desenhos são uma folha branca, um lápis, uma borracha e um rotring 0,2. A técnica do traço preto e branco incentiva a sensação de leitura múltipla. Com efeito, visto de longe, o conjunto dá uma tom cinzento uniforme do qual se destacam rios, ruas e praças principais. De perto, o traço fino e regular desenha detalhes das fachadas, o emaranhamento dos telhados, da vegetação. Sem ser gravura, o resultado passa a ser parecido e pode lembrar as gravuras de cidades dos séculos XVII ou XVIII. O desenho deixa transparecer os traços ao lápis iniciais, pois parece-me importante conservar esses primeiros esboços já que cada rua, cada casa, foi pensada e desenhada no chão, a lápis. Os primeiros esboços dão assim maior vida ao desenho às vezes demasiado regular do rotring. Dá mais riqueza e participa da construção do desenho.

 

Convite lúdico à viagem

A minha posição tem uma dimensão lúdica. Brinco ou reinvento histórias, mapas, arquiteturas antigas ou contemporâneas. Associo-as, estabeleço ligações entre elas ou separo-as nitidamente com avenidas ou rios. Invento funções aos edifícios. Crio centros dinâmicos, bairros tranquilos onde aparecem uma escola, um jardim. As minhas cidades imaginárias são pontos de partida, um elemento para que cada um possa inventar a história que lhe inspira. Convém a cada “visitante” ou espetador apropriar-se essa estrutura urbana neutra e passa a vê-la como real. Cada um deve fazer dela a sua cidade. Como num jogo, cada qual deve escolher a sua casa e deixar-se andar, segundo a sua imaginação.

 

Etapas do desenho

Etapa por etapa, siga a construção de um desenho, dos primeiros esboços até ser finalizado a tinta.

Ver la pagina

 

Obrigado a Fernando Curopos pela tradução do site.

 

Uma versão mais completa do site existe em francês.